3 de fev. de 2011

Simulação do Big Bang recria nascimento de buracos negros




Buracos negros supermassivos surgiram da colisão de galáxias há mais de 13 bilhões de anos, afirmam pesquisadores
 
Foto: Divulgação/Nature
Imagens da simulação mostram o nascimento de um buraco negro supermassivo após a colisão entre galáxias
Há cerca de 13 bilhões de anos, um fenômeno de proporções épicas tomou de assalto o jovem universo que havia acabado nascer: a formação dos primeiros buracos negros supermassivos, que têm uma massa milhões e até bilhões de vezes maior que a do Sol e de onde nada escapa – nem mesmo a luz. Até hoje os cientistas não sabiam como este fenômeno havia ocorrido, uma lacuna história da infância do nosso universo que parece ter sido desvendada agora.
Um estudo publicado na revista Nature desta quarta-feira (25) mostra simulações computacionais que levam à conclusão que os buracos negros supermassivos nasceram basicamente da colisão e junção de galáxias existentes no início do universo – um deles, inclusive se encontra no centro da Via Láctea, a galáxia onde fica a Terra.
Big Bang no computador
Para chegar à esta conclusão uma equipe de cientistas liderada por Lucio Mayer, do Instituto de Física Teórica da Universidade de Zurique, criou modelos de evolução do universo nos primeiros bilhões de anos após o Big Bang.
As simulações começaram com duas galáxias gigantes com estrelas com massas até 300 vezes maiores do que o Sol – o tipo de estrela que os astrônomos imaginavam existir naquela época. Em um dado momento, os pesquisadores criaram a colisão de uma contra a outra para ver o que aconteceria. Daí supercomputadores fizeram o serviço de mostrar em detalhe o nascimento dos buracos negros supermassivos.
Primeiro, os astrônomos puderam ver os gases e a poeira das galáxias se condensando e formando um disco apertado. Com o passar do tempo, o disco se tornava instável e depois gás e poeira se contraiam novamente formando uma nuvem ainda mais densa e, de repente, um buraco negro supermassivo se formava rapidamente.
“Se estivermos certos, eles crescem mais rápido que as galáxias em que estão”, explicou Lucio ao iG. E completou: “Nosso modelo implica que as primeiras galáxias foram muito mais afetadas pela energia deles do que se esperava em outros modelos nos quais eles cresciam pouco a pouco a partir de pequenas sementes”.
Provar que a hipótese está correta ainda deve demorar um pouco -- embora ela se encaixe perfeitamente nas previsões feitas pelos cientistas. Será necessário esperar os dados coletados, por exemplo, pelo Laser Interferometer Space Antenna (LISA) que deve ser lançado ao espaço em 2020 e será capaz de detectar as ondas gravitacionais geradas pelo buracos negros supermassivos, e assim, comprovar como foram os momentos iniciais da criação do universo e como eles ajudaram a criar o mundo em que vivemos.
FONTE: IG