- Boneco de uma criança neandertal olhando para seu reflexo na água é um dos destaques do Museu Neandertal, na Croácia
WASHINGTON, 8 novembro 2010 (AFP) - Os cérebros do homem de Neandertal e do homem moderno, similares no nascimento, divergem em seu desenvolvimento a partir do primeiro ano de vida, segundo um estudo conduzido na Alemanha e publicado nesta segunda-feira nos Estados Unidos.
Os cérebros dos recém-nascidos humanos e do homem de Neandertal têm quase o mesmo tamanho e parecem idênticos, segundo esta pesquisa publicada na revista americana Current Biology.
Mas é após o nascimento, e sobretudo durante o primeiro ano de vida, que o cérebro do homem de Neandertal, extinto há cerca de 28 mil anos por razões desconhecidas, e o do Homo sapiens se diferenciam.
A descoberta é baseada em comparações de impressões virtuais, em diferentes idades de desenvolvimento, de circunvoluções cerebrais e estruturas vizinhas do interior dos crânios fossilizados de homens modernos e de Neandertal, incluindo os de recém-nascidos.
As diferenças observadas cedo no desenvolvimento do cérebro refletem provavelmente mudanças nos circuitos e conexões cerebrais, explica Philipp Gunz, do Instituto Max Planck de Antropologia da Evolução na Alemanha, principal autor do estudo.
É, na verdade, a organização interna do cérebro que conta mais para as capacidades cognitivas, acrescenta.
"No homem moderno, as conexões entre as diversas regiões do cérebro são estabelecidas durante o primeiro ano de vida e são importantes para um grau avançado de socialização, emoção e funções de comunicação", expôs o pesquisador em uma entrevista à AFP.
"É improvável que o homem de Neandertal percebesse o mundo da mesma forma que nós percebemos", acrescentou, destacando, no entanto, que nossos primos de evolução não eram burros.
"Eram caçadores sofisticados, altamente especializados. Por isso, é improvável que os homens de Neandertal fossem totalmente privados de linguagem, apesar de ignorarmos o grau de sofisticação dessa capacidade", acrescentou o pesquisador.
FONTE: UOL