21 de dez. de 2010

Ondas Ufo e Ortotenias

Baseando-nos no farto material recolhido em todo mundo por investigadores e grupos ufológicos, é possível afirmar que existe um núcleo no fenômeno UFO não explicado por causas naturais. Esta certeza, que representa um passo muito importante, conduz de imediato as seguintes perguntas: Qual é a origem certa de fenômeno? Quais as suas motivações? Para tentar se aproximar destas duas questões básicas, devemos limitar-nos aos fatos, buscando interpretar as diferentes pautas de comportamento do fenômeno. A casuística mundial catalogada apresenta um núcleo de evidências que se integram num conjunto único – o que pode ser o melhor dado para um estudo do fenômeno UFO ou simplesmente um resultado efetivo da deformação da investigação em si.
Na década de 70, diversos trabalhos coincidentes foram publicados e divulgados. Esses trabalhos assinalavam que a manifestação do fenômeno UFO era múltipla e, sendo assim, necessitavam de uma catalogação de todas as suas diversas nuances. "Uma árvore não é suficiente para determinarmos como é o bosque".
Mas ao examinar a casuística ufológica, comprovamos de forma contraditória a associação de acontecimentos muito variados: desde a presença de um artefato material, claramente definido, que sobrevoa os céus, até o surpreendente aparecimento de uma criatura com asas que aterroriza a população rural de um Estado norte-americano (O Caso Kelly). Poderíamos então sugerir que são diversos níveis de uma mesma realidade dinâmica e que ainda está longe de ser analisada e catalogada na sua totalidade. No entanto, uma das características do fenômeno possui um comportamento bem definido e, geralmente, são interpretados segundo a opção clássica: uma manifestação tecnológica exterior à espécie humana. Esta presunção poderia classificar, embora parcialmente, muitas das observações conhecidas. De forma quase constante, é possível assinalar certas atitudes de curiosidade frente ao desenvolvimento técnico-humano, logicamente muito condizente com uma manifestação artificial do que de um fenômeno natural. Basta notar como sempre houveram relatos assinalando, por exemplo, a constante manifestação UFO em áreas militares bélicas.
A partir da "Era Moderna dos Discos Voadores" (desde 1947), uma característica passou a ser notável e bastante significativa: em determinados períodos de tempo, as observações de UFOs aumentavam consideravelmente, para depois cair de forma brusca. Produziam-se quase a nível mundial perfilando-se especialmente sobre uma determinada região.
Essa característica do fenômeno passou a ser definida como "onda ufo". Assim uma "onda ufo" corresponde à manifestação do fenômeno, que se desenvolve num breve espaço de tempo (dias, meses, semanas), e se limita a uma área geográfica específica. Os estudos estatísticos que têm sido realizados em torno desta pauta têm catalogado as freqüências destas "ondas ufo" e demonstram seu óbvio caráter de aleatoriedade de manifestação.
Imediatamente, após a divulgação pela mídia de avistamentos ufológicos, freqüentemente tratada de forma sensacionalista e imprópria, a opinião pública costuma sensibilizar-se e surgem grandes quantidades de avistamentos "colaterais", como uma espécie de "contágio". Essa situação pode, inclusive, alcançar o caráter de "onda" ou "febre" de testemunhas, porém o interesse público decresce tão velozmente quanto o aparecimento da "onda ufo".
Neste ponto chegamos a um primeiro problema: o caráter e o significado no contexto geral do desenvolvimento de uma "onda ufo". Se por um lado pode realmente existir uma quantidade de manifestação do fenômeno UFO significativa e que está agrupada num determinado tempo e numa determinada área específica; por outro lado a difusão ufológica poderia estar gerando uma comoção pública e, assim, criando avistamentos que não existem, mas que são produtos da histeria coletiva acerca do assunto. Há várias hipóteses para tentar explicar a característica "onda" do fenômeno UFO:
HIPÓTESE PSICOLÓGICA – Diante da divulgação sensacionalista de um evento ufológico, as pessoas fazem "eco" (uma espécie de feedback gerado pela comoção) do fato e que é motivado por uma necessidade psíquica de identificação. Assim, o público observa uma grande quantidade de UFOs que, obviamente, correspondem a um sugestionamento mental e não à manifestação do fenômeno de fato.
HIPÓTESE SOCIOLÓGICA – Determinados fatos sociais repercutem diretamente em uma maior quantidade de observações de UFOs. Alguns momentos críticos para a humanidade, como guerras, desequilíbrio econômico e social, conflitos, crises, índices de suicídios, etc; inclusive fenômenos de grande transcendência na sociedade atual, como desemprego, influenciam numa maior quantidade de avistamentos que denunciam a presença de UFOs no nosso meio. Existem impagáveis estudos estatísticos onde se estabelece uma correlação entre estes fenômenos sociais e os UFOs.
HIPÓTESE FÍSICA – Existem períodos no tempo em que se pode apreciar uma maior atividade de UFOs, que é uma razão intrínseca à intencionalidade da manifestação ufológica.
A primeira hipótese foi utilizada com excessiva liberdade, tanto por pessoas que pretendiam revelar um "novo fenômeno psicológico", de grande transcendência para a humanidade, como por aqueles meios de comunicação que, depois de divulgar avistamentos de forma inadequada, criticam os mesmos alegando explicações simplistas, como histeria coletiva, loucura geral, etc. Na realidade, a dinâmica e motivações do "contágio ufológico coletivo" diferem da manifestação e presença do fenômeno UFO.
Carl Jung, um dos mais destacados psicólogos e discípulo de Freud, apresentou a teoria do Inconsciente Coletivo. A humanidade possui um legado psíquico comum, determinado no inconsciente. A forma da "mandala", o círculo luminoso mágico (semelhança clara a mais de 90% dos UFOs avistados), que todas as doutrinas religiosas assinalaram como de grande importância através de mitos, lendas e cerimônias, constituiria o fundamento básico para explicar o fenômeno UFO, à luz do "inconsciente coletivo". Esta imagem inconsciente afloraria em momentos de especial necessidade, crise coletiva, descontrole mundial, etc, na forma de UFOs. Jung definiria por isso o fenômeno UFO como "reflexo dos arquétipos inconscientes".
As dificuldades que apresentam a teoria do "reflexo dos arquétipos inconscientes" começam quando os UFOs produzem rastros físicos: marcas no solo, alterações biológicas nos seres vivos, são detectados com meios tecnológicos avançados, como o radar ou sonar (19 de maio de 1986 – A Noite Oficial dos UFOs), e são fotografados e filmados. Arquétipos tendo uma constituição física? A teoria de Jung é, sem dúvida, extremamente importante, tal qual o próprio Jung e o que suas teorias representaram para as Ciências Humanas, e efetivamente explica parte do fenômeno. Mas o próprio Jung assumiu, em vida, que há algumas provas do fenômeno UFO que não admitem quaisquer alternativas a não ser de se aceitar que pode haver alguma realidade física do fenômeno.
A possibilidade de uma resposta sociológica para o fenômeno UFO é realmente interessante. Existem dados comparativos e significativos: os anos de 1946, 1954, 1965 e 1968 assinalam um aumento significativo de demanda de empregos nos Estados Unidos, coincidindo justamente com datas de supostas "ondas ufo". Outros anos com grande quantidade de avistamentos ufológicos também registravam momentos extraordinariamente críticos na política, descontroles sociais e depressões econômicas agudas. Mas tudo isso esbarra, tal qual foi dito acima, nos rastros "físicos" do fenômeno.
A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
A influência dos meios de comunicações no nascimento e desenvolvimento de uma "onda ufo" pode ser crítica. Diante de um aumento de notícias de avistamentos ufológicos, as pessoas se sentem mais propensas para se exporem divulgando suas observações, já que a opinião pública está mais receptiva para tais notícias e podem ser aceitos de melhor forma, diminuindo bastante os riscos do ridículo e desconfiança que se produziriam num âmbito temporal diferente. Mas abusou-se desta hipótese para explicar as "ondas ufos", caindo numa autêntica "síndrome" psíquico-social, que tenta interpretar os UFOs como respostas sociais – que de fato assim o são, indiscutivelmente, em muitas ocasiões.
Foi um investigador espanhol, Eduardo Buelta, num trabalho publicado em outubro de 1962, que começou a interessar-se pela análise das "ondas ufo" e suas freqüências. No seu interessante trabalho, que engloba os avistamentos ufológicos durante um período de dez anos, de 1947 a 1957, ele detectou um aparente deslocamento progressivo dos UFOs para o oriente das zonas geográficas na qual se manifestavam. Buelta escreveu: "Parece que o fenômeno UFO dividiu o globo terrestre em setores alongados de pólo a pólo, como se quisessem cartografar o planeta de forma metódica e cuidadosa, sendo que as aparições numa determinada área geográfica são precedidas da outra ao lado no globo".
O doutor David Saunders estabeleceu uma classificação para o perfil gráfico das "ondas ufo": Um primeiro tipo seria aquele que cresce de forma gradativa até chegar a um nível máximo de atividade, para cair imediatamente. Um segundo tipo tem um perfil médio e simétrico a um eixo imaginário (não há crescimento ou diminuição, mas uma constante quantitativa num determinado período). O terceiro tipo assinalaria as "ondas ufo" que começam bruscamente até alcançar um rápido crescimento para decair progressivamente. Os dois primeiros casos, segundo Saunders, responderiam a verdadeiras "ondas ufo".
No entanto o terceiro, cujo perfil é de um início brusco e queda progressiva, corresponderia justamente a influência dos meios de comunicação sobre o público. Saunders se refere ao fato de que um avistamento isolado, possivelmente real, é divulgado na mídia e o público em geral, por sua vez, tomado pela comoção e uma necessidade psíquica de identificação, começa a ver UFOs em tudo quanto é lugar – é aí que entra a explicação psicológica já citada acima. Com o passar do tempo, a comoção e o interesse do público vai diminuindo (a notícia vai ficando "velha" e esquecida) – o que marca uma queda rápida, porém progressiva, da falsa "onda ufo". É importante salientar que uma falsa "onda ufo" não significa necessariamente que todos os casos catalogados sejam falsos. Podem haver avistamentos e incidentes reais isolados, mas que não constituiriam uma "onda ufo" de fato. Vale lembrar que no auge do "Chupacabras" no Brasil, até cachorro morto no meio da rua por atropelamento virou uma "nova vítima" do insólito predador divulgados em programas televisivos altamente questionáveis, como o Gugu, no SBT.
Ainda, o doutor Saunders selecionou 18.000 casos com informações suficientes da casuística ufológica mundial. Depois de analisá-los e depurá-los, estabeleceu o que considerou como as mais importantes "ondas ufo" a nível mundial (o mês apontado em cada uma das ondas são os "picos" – havendo vários casos em meses anteriores e posteriores):
JULHO DE 1947 – Oeste dos Estados Unidos.AGOSTO DE 1952 – Leste dos Estados Unidos.OUTUBRO DE 1954 – França e Europa.AGOSTO DE 1957 – América do Sul (em outubro de 1957 ocorreu O Caso Villas-Boas e, em janeiro de 1958, O Caso Trindade, entre outros).AGOSTO DE 1965 – Meio-Oeste dos Estados Unidos.OUTUBRO DE 1967 – Inglaterra.NOVEMBRO DE 1972 – África do Sul.
Mas o interessante é que nesta análise Saunders descobriu uma sugestiva correlação: as "ondas ufo" se deslocavam para o leste em períodos de cinco anos aproximadamente. Conclusão muito similar à desenvolvida por Eduardo Buelta, em 1962.
É difícil estabelecer uma cronologia das complexas "ondas ufo". O SOBEPS (Sociedade Belga para o Estudo de Fenômenos Espaciais) estabeleceu estatísticas que assinalam o número de observações ufológicas entre os séculos de 1800 e 1900, sendo o período de maior precisão nestas observações a partir de 1885. As "ondas ufo" que ocorriam justamente nos momentos de grande depressão econômica foram as seguintes: 1885, 1896, 1897, 1905, 1933 e 1934. A grande "onda ufo" de 1897 foi classificada como a mais importante de todo o século XIX. Segue abaixo uma listagem cronológica das "ondas ufo" desenvolvidas em todo o mundo, com suas respectivas características destacáveis:
1885 – Observações de objetos com formato de disco.
1896 a 1897 – Estranhas naves aéreas, similares às descritas nas novelas de Julio Verne, "Robur, O Conquistador" e "O Dono Do Mundo". Estas máquinas pareciam ter sistemas de propulsão contemporâneos para sua época: a vapor, por ar comprimido, etc. Também foram catalogadas presenças de seres que tripulavam os UFOs, os quais eram parecidos com os humanos e que pediam às testemunhas água, azeite, petróleo ou ferramentas.
1905 a 1909 – Observações de UFOs similares a dirigíveis ou zepelins, cujo comportamento estava muito afastado dos habituais terrestres: grande rapidez, manobrabilidade excessivas, estranhas luzes, etc.
1913 a 1914 – Estranhos aparelhos em forma de charuto.
1933 a 1934 – Aviões de características e comportamentos anômalos. Apareciam com freqüência sobre vias de comunicação e, com relativa facilidade, detinham seus motores de até oito hélices visíveis, sustentando-se no ar sem a maior dificuldade. Estes "aviões fantasmas" foram vistos até 1939, porém, a partir de 1934, deixaram de ser extremamente freqüentes.
1945 – O fenômeno dos Foo-fighters.
1946 – Naves cuja aparência se assemelha às armas secretas (bombas voadoras) alemãs tipo V-1 e V-2, observados principalmente sobre o norte da Europa, Grécia e Suíça.
De 1947 a 1972 aconteceram as "ondas ufo" já mencionadas pelo doutor Saunders. Na Espanha destacamos principalmente as produzidas em 1950, 1954, 1965/66, a abundante de 1968/69, 1974/75 e 1978/79, entre outras. Vale destacar que, desde o início da década de 90, há inúmeros registros ufológicos no México, Porto Rico e Equador. No Brasil, durante o incidente envolvendo o Caso Varginha, em 1996, o sul de Minas Gerais foi palco de inúmeros avistamentos.
A HIPÓTESE MARCIANA
No fim dos anos cinqüenta, surgiu a primeira teoria para tentar se explicar a origem dos UFOs. Essa teoria apontava para o fato que a posição astronômica do planeta Marte estava relacionada com a maior ou menor quantidade de avistamentos ufológicos no nosso planeta. Um dos principais investigadores que descobriu esta relação foi o desaparecido Oscar Rey Brea, meteorologista de Galícia.
Segundo Brea, as "ondas ufo" alternariam a cada dois anos, coincidindo justamente com a maior aproximação de Marte – já que Marte se aproxima da Terra a cada vinte e seis meses. Essa constatação foi a base da "teoria bianual do ciclo marciano", na qual posteriormente foi ampliada por Eduardo Buelta e os franceses Jacques Vallée e Aimé Michel. No entanto, os próprios defensores dessa teoria admitiam que nem sempre a aproximação marciana coincidia com uma "onda ufo". Por exemplo: a "onda ufo" de 1968, ocorrida na Espanha, não coincidiu. No entanto, a segunda parte desta "onda ufo", que correspondente ao ano de 1969, coincidiu com a posição marciana de 31 de maio. Este mês foi marcado por uma constante atividade ufológica. A "onda ufo" de outubro de 1973, que afetou quase toda a América do Norte e na qual foram registrados casos considerados clássicos da ufologia nos Estados Unidos, aconteceu justamente no período de aproximação astronômica de Marte.
Outros investigadores também se interessavam por essa possível relação. Em 1973, o investigador valenciano Miguel Guasp publicou um trabalho muito interessante intitulado "Teoria do Processo dos Ovnis". Nela, Guasp analisava e relacionava a aproximação astronômica de Marte e a incidência do fenômeno UFO.

Fonte: http://www.painelovni.com.br/ondas_ufo_e_ortotenias01.html