29 de nov. de 2010

Atacama, Mensagens no Deserto

 Enigmáticas figuras encrustadas no deserto de Atacama, no norte do Chile entre Árica e Tocopilla, com mais de 200 metros de comprimento, intrigam cientistas e arqueólogos do mundo inteiro há décadas. Quem as fez? Com que propósito? 

Cruzando os áridos cerros do Vale de Azapa, de Chiza Suca, Tiliviche e Abra, à pé ou pelo ar, encontramos imagens grandiosas. Em meio ao deserto, surgem "linhas e pistas" (encontradas também em Nazca, Peru), figuras de "homens", arranjos geométricos, animais da região, enigmáticos círculos, espirais, "flechas", etc. 

Um dos maiores especialistas no assunto, o prof. Luis Briones Morales, do Departamento de Arquelogia da Universidade de Terapacá, no Chile, defende a idéia de que os geoglifos (escrituras na terra, em grego), tenham sido monumentais sinalizadores indicando que o lar estava próximo, ou seja, estas formas do deserto indicariam aos viajantes de mil anos atrás, que caminho seguir. Segundo o prof. Briones, os autores das imagens do deserto de Atacama, teriam sido os tiwanacotas, que habitaram a região antes dos incas e dos europeus chegarem. 

A civilização tiwanaku controlou durante quinhentos anos uma região que englobava o oeste da Bolívia - onde ficava sua capital -, o norte do Chile e o noroeste da Argentina. Construíram complexos sistemas de irrigação, instituiram uma vasta rede de intercâmbio através do deserto com os povos da costa. Eram considerados pacíficos e de grande religiosidade. Desapareceram misteriosamente perto do ano 1000 d.C.. 


As Hipóteses

Nada pode ser dito com certeza, ao menos por enquanto, sobre as gigantescas figuras, mas os estudos continuam. 

Segundo os estudos de Briones e outros colegas, como a antropóloga Persis Clarkson, da Universidade de Winnipeg, no Canadá, somos levados a crer que os geoglifos demarcam uma rede de estradas usadas por homens e lhamas, que cortou o deserto entre os anos 500 e 1500 da nossa era. 

No meio do deserto, água é algo raro e portanto difícil de se encontrar. Por isso, o caminho seria demarcado. Esta teoria explicaria o desenho de sapos e lagartos, animais sagrados associados à água, que foram encontrados em lugares onde havia chance de encontrá-la. 

Entretanto, a hipótese de serem sinalizadores situados ao longo de antigos caminhos e vales estreitos cai por água abaixo quando constatamos figuras situadas longe das rotas das caravanas. Outro fato que tende a excluir esta hipótese, é que certas figuras só podem ser identificadas do alto.

Uma outra teoria é que as figuras seriam uma representação ritual que propiciasse boas colheitas e rebanhos melhores. Isto cabe às figuras de lhamas, mas o que dizer dos enigmáticos círculos, das gigantescas "cabeças de homens", das "pistas", ou dos "retângulos"? 

Os arqueólogos ainda deverão apanhar muito até descobrir o real significado da maioria das imagens e entender por que cada um está no lugar que está. 

Para complicar mais as coisas, o império tiwanaku quase não foi estudado. O pouco que se conhece dos geoglifos chilenos se deve ao trabalho quase solitário de Briones e de sua poderosa aliada desde 1998, a profª. Persis Clarkson, que trabalhava no deserto peruano desde os anos 80. Juntos, tentam descobrir quem fez qual figura, comparando-as com tecidos e cerâmicas encontrados na região. 


Técnicas Utilizadas 

Os geoglifos chilenos foram realizados mediante a acumulação de pedras de origem vulcânica, medindo cada uma entre dez e cinquenta centímetros de comprimento. 


Visitantes de Outros Planetas...? 

Em pelo menos um lugar no Chile a teoria de que os geoglifos seriam marcadores ou sinalizadores para os viajantes não se encaixa. Na região de Ariquilda, as imagens só podem ser vistas do alto, ou seja, de avião. Que propósito teriam imagens que só podem ser vistas do alto, se eles, supostamente, não tinham a capacidade de voar? 


Os Inimigos das Figuras

Em 1998, depois de duas semanas no deserto, o chileno Luis Briones e a canadense Persis Clarkson descobriram na região de Atacama, 200 geoglifos até então desconhecidos. 

O fato das figuras não terem desaparecido na vastidão do deserto até hoje se deve ao fato de seu solo ser recoberto de pedras, impossibilitando as imagens de serem tragadas pela areia.

Há cinco mil geoglifos conhecidos, mas ninguém tem idéias de quantos já foram destruídos, - pelos constantes terremotos da região, pela exploração de minérios no deserto ou simplesmente pelo soteriamento. No caso das figuras que estão à beira da estrada, somam-se outros inimigos incontroláveis: os turistas.