Um dos mistérios mais estranhos, no campo da Arqueologia, foi descoberto no Delta de Diquis, na Costa Rica. Centenas de esferas foram encontradas e documentadas, com tamanhos variando desde alguns centímetros até mais de dois metros. Algumas pesando mais de 16 toneladas. São objetos de escultura monolíticas, isto é, confeccionados em um único bloco de pedra . . . Um verdadeiro mistério !
Tudo começou em 1930, quando uma doença começou a atacar as plantações de bananas na costa caribenha do pais, na região de Porto Limón. A United Fruit Company, que explorava o cultivo e exportação dessa fruta, resolveu mudar suas plantações para o lado da costa do Pacífico, próximo ao Vale do Diquis, onde o solo parecia bastante indicado para o cultivo das bananas. Mudaram seus escritórios para a cidade de Golfito, construíram uma ferrovia até Palmar Sur, oitenta quilômetros de distância e próximo da costa, para melhor escoamento da produção. Logo no início das atividades nas terras destinadas aos bananais, com a derrubada das matas nativas, queimadas e escavações, as esferas de pedra começaram a surgir. Motivados por lendas, sobre a possível existência de ouro ou pedras preciosas dentro das esferas, os trabalhadores locais começaram a perfurá-las com furadeiras, introduzindo dinamites no interior das mesmas e explodindo-as às dezenas, até que isso chegou ao conhecimento das autoridades, o que evitou maiores danos. Algumas dessas esferas destruídas foram recompostas e agora são exibidas no Museu Nacional, em San José.
As pedras podem ter vindo do leito do Rio Terraba, provenientes das Montanhas Talamanca de onde elas foram trans-portadas por processos naturais. Esferas inacabadas nunca foram encontradas. Tais como os monólitos do Mundo Antigo, as pedreiras costa-riquenhas distam mais de 92 quilômetros do local onde foram encontradas parecendo improvável, que tenham vindo de lá. São originalmente encontradas no Delta do Rio Terraba, também conhecido como Sierpe, Diquis e Rio Geral, próximo da cidade de Palmar do Sul e Palmar do Norte. As esferas são conhecidas desde o Vale Estrela no extremo norte até o extremo sul na boca do Rio Coto Colorado. Elas tem sido encontradas perto do Golfito e na Ilha do Caco. Desde o tempo de seus descobrimento nos anos 1940, esses objetos foram premiados como ornamentos de gramados. Elas eram transportadas primariamente de trem, por toda a Costa Rica. Estão agora espalhadas por todo o país. Existem duas esferas em exposição ao público nos USA. Uma está no Museu da Sociedade Geográfica Nacional, em Washington D.C. A outra está no Museu Peabody de Arqueologia e Etnografia da Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachusetts, nos Estados Unidos.
Quase todas são feitas de granodiorita, uma rocha ígnea, muito dura, que se sobressai aos pés dos montes próximos à cadeia Talamanca. Algumas são feitas de coquina, um material muito duro, semelhante ao calcário, que é formado de conchas e areias nos depósitos das praias, provavelmente trazidos até a o continente através do Delta Terraba-Sierpe.
Granodiorita é uma rocha ígnea intrusiva, semelhante ao granito, contendo mais plagioclase que feldspato de potássio. Normalmente contém altas concentrações de mica biotita e hornblenda conferindo-lhe uma aparência mais escura que o granito.
Não se sabe ao certo quem as construiu. Provavelmente foram feitas pelos ancestrais dos povos nativos que falam a língua Chibchan, relacionados com os indígenas da parte norte da Colômbia e da parte oriental de Honduras. As esferas foram descobertas em strata juntamente com material cerâmico datando de cerca de 200 a.C., mas ninguém sabe para que elas serviam, ou qual utilidade tinham. Muito menos o método empregado na confecção e polimento dessas maravilhas. Que ferramentas foram utilizadas na esculturação, raspagem e polimento? Teriam sido utilizadas ferramentas feitas da própria granodiorita ou feitas de metais ? Serviam a um propósito ritual, estavam ligadas a alguma crença ? Eram objetos meramente decorativos ou estavam conectados a alguma atividade específica ? São perguntas ainda sem respostas.
Muitas foram encontradas formando alinhamentos diversos, consistindo de linhas retas, curvas, triângulos e paralelogramos. Algumas formavam grupos, sobre pequenos montes elevados, orientados com o campo geomagnético. Infelizmente, esses alinhamentos foram desfeitos, pela remoção das esferas dos locais originais. Assim, não mais é possível medir essas orientações, com os instrumentos atuais, para que possamos checar a precisão desses alinhamentos anteriormente relatados. Existem, todavia, muitas suposições e especulações acerca das origens e usos dessas bolas de pedra. Uns dizem que elas são produtos da Civilização da Atlântida ou que são objetos ressonantes empregados por seres extra-terrestres. Outros afirmam que eram alinhadas ao campo magnético da Terra, demonstrando que foram feitas por pessoas que conheciam os fenômenos magnéticos. Existem aqueles que defendem que as esferas serviam a objetivos de navegação, marítima ou aérea, alinhadas para a Ilha de Páscoa ou Stonehenge ! Nada se sabe, ao certo . . .
Acredita-se que sejam esferas perfeitas, em suas formas. Segundo medidas efetuadas com aparelhagem LASER por pesquisadores da Universidade de Pennsylvânia, as esferas são 96% perfeitas. Entretanto, têm a superfície surpreendentemente uniforme. Diferentes pesquisadores empregaram vários métodos para a determinação da esfericidade desses objetos. Uma variação de até 5 cm. (50 mm) foi observada em diversas esferas. Podemos, entretanto, tomar a referência do Dr. Samuel Lothrop do Peabody Museum, da Universidade de Harvard, que pesquisou as esferas da Costa Rica e para quem elas têm uma esfericidade tão uniforme que apresentam imperfeições "muito pequenas para serem detectadas a olho" e acrescenta "As bolas maiores eram produtos do mais refinado artesanato e elas eram tão quase perfeitas que diferentes medidas de seus diâmetros, não revelavam qualquer imperfeição".
decorando jardins residenciais particulares
Quase todas foram removidas de seus locais originais, perdendo-se, assim, informações acerca do contexto arqueológico em que se encontravam e sobre possíveis alinhamentos. Muitas esferas, situadas em áreas de atividades agrícola foram avariadas por queimadas periódicas, causando o enfraquecimento de suas superfícies, destruindo seus polimentos e fazendo-as rachar em lascas e fissuras, perdendo a esfericidade, num processo de erosão induzida pela ação do homem. Algumas esferas foram feitas rolar para ravinas e gargantas entre as montanhas e outras, na Ilha de Caño, foram empurradas para dentro do mar. Algumas foram destruídas por agricultores ativistas, insatisfeitos com a proibição do governo de atividades produtivas nessas áreas, para preservação dos locais onde estavam, enquanto um grande número atualmente decoram jardins de prédios governamentais como a Assembléia Legislativa, museus, hospitais, escolas, universidades ou decoram os jardins nas mansões de pessoas ricas e poderosas, conferindo-lhes status.
Muito se tem acusado o meio arqueológico de total indiferença em relação às Esferas de Pedra da Costa Rica. Todavia, não é este o caso. O primeiro estudo acadêmico sobre o tema foi elaborado pela arqueóloga Doris Stone imediatamente após o descobrimento das esferas. Seus estudos foram publicados em 1943 no American Antiquity, o principal jornal acadêmico sobre arqueologia, nos Estados Unidos. Nesse período temos os importantes estudos do Dr. Samuel Lothrop. Pesquisas adicionais foram efetuadas pelo arqueólogo Matthew Stirling e publicadas na prestigiosa National Geographic em 1969. Ao final da década de 1970, pesquisas arqueológicas na Ilha de Caño (publicadas em 1986) revelaram esferas em campo aberto.
Embora não exista uma total indiferença dos especialistas sobre este fenômeno, podemos verificar, entretanto, uma certa distância do assunto. Sempre que uma descoberta desafie conceitos estabelecidos ou não endosse a opinião comumente aceita, o assunto é um tanto deixado de lado, pelo evidente desconforto que causa. Este parece ser o caso em relação às esferas de pedra da Costa Rica. Ao não se saber o que elas realmente signifiquem, nem quem as construiu, ou para que serviam, melhor não se ocupar completamente do fenômeno, como se fosse um tema árido, sem interesse. O fato é que neste caso, há um tremendo desafio que tomaria muito tempo em pesquisa e reflexão, para se chegar a resultados interessantes. Melhor investir em pesquisas que estejam mais de acordo com o que todos concordem e garanta um lugar no rol da fama, assim pensam os acomodados. As esferas da Costa Rica causam uma certa aversão em alguns pesquisadores e, em decorrência, certa atração nos aventureiros das idéias, que não têm o menor pudor em tentar atribuir explicações mirabolantes, inverídicas, de forte apelo popular e que garantam o sucesso de idéias pseudo-científicas. Muito além dessas considerações sobre verdades e inverdades, podemos apenas afirmar que essas maravilhas têm um lugar de destaque na galeria dos inexplicáveis mistérios.
Já aqui é ume reportagem do terra
Costa Rica investiga mistério de esferas de pedra
Arqueólogos costa-riquenhos tentam descobrir a origem e o uso das famosas esferas de pedra, algumas delas de até 15 toneladas, e que se encontram espalhadas pelo delta do Diquis, no sudeste da Costa Rica.
"Estamos às cegas: os (conquistadores) espanhóis não relataram as esferas e os grupos indígenas não deixaram nenhuma pista", disse à AFP o diretor do Museu Nacional da Costa Rica, Francisco Corrales Ulloa, durante uma visita pelos sítios arqueológicos, onde são realizadas as pesquisas nas margens dos rios Térraba e Sierpe, na Península de Osa.
Os estudos realizados desde os anos 40 relacionam essas esferas com os grupos pré-colombianos que viveram na área. As pedras, que vão desde alguns quilos a até 15 toneladas, são formadas, em sua maioria, de granodiorito, embora também possam ser de calcário.
Algumas estão perfeitamente alinhadas, levando inclusive a questionamentos de ordem astrológica ou religiosa. Outras aparecem sozinhas no pé de uma montanha, ou no alto de uma colina, com outros vestígios arqueológicos, ao abrigo das inundações dos rios próximos que, ao longo dos séculos, soterraram com sedimentos de terra e lama uma parte da história indígena dessa região.
Ao todo, existem cerca de 250 esferas de pedra repertoriadas, muitas delas em mãos privadas, afirmou o diretor do Museu, acrescentando que é possível que haja mais de 500, boa parte ainda enterrada sob os campos da Costa Rica.
As esferas de pedra são "um dos elementos mais chamativos da arqueologia da Costa Rica", comentou Corrales, lembrando-se de que uma delas está exposta, temporariamente, no Museu Etnológico Quai Branly, de Paris.
O Museu Nacional e o Ministério da Cultura querem transformar quatro dos cerca de 20 sítios arqueológicos da região - Grijalba, Batambal, El Silencio e Finca 6 -, que contam com conjuntos de estruturas e esferas, em um componente cultural das ofertas turísticas.
Além de impulsionar o turismo, o projeto, de 30.000 dólares, pretende promover a pesquisa dos sítios com esferas - cerca de 20 no circuito - para tentar determinar seu significado, assim como descobrir outros vestígios para conservá-los.