OS DISCOS VOADORES DE MUSSOLINI
As pesquisas sobre arquivos de Mussolini seguem adiante e a cada dia novos elementos confirmam a autenticidade dos documentos, delineando pouco a pouco um quadro cada vez mais completo e intrigante, composto de abafamentos, ações de guerrilha e tramas, tecidos para colocar um véu de silêncio a uma incômoda verdade. Hoje, a mídia de massa, brutalmente censurada nos anos 30, esta emprenhada a uma vingança”moral”, dando amplo espaço a esse vácuo deixado pelo período de 20 anos da época fascista: os registros foram mostrados por Roberto Pinotti no programa Speciale Tgl, dedicado aos UFOs e exibido por um canal Italiano, durante o qual, entre outras coisas, a própria Aeronáutica resolveu abrir seus arquivos. A coluna Tentazione do jornal italiano Il Giorno dedicou anos atrás uma pagina inteira aos documentos fascistas, uma detalhada investigação levada a cabo pelo jornalista Gabriele Moroni.
Foi o próprio Il Giorno o primeiro a levantar a hipótese, segundo indicações minhas, de que o disco voador recuperado pelos fascistas, na manhã daquele dia 13 de junho de 1933, estivesse escondido nas instalações da base de Siai Marchett, em Vergiate ou Sesto Calende, duas localidades que fazem divisa com a província de Varese. Chegaram a identificar os locais os locais graças a uma série de elementos coincidentes. Em primeiro lugar, o local da aterrissagem devia estar localizado na região milanesa ou na Lombardia. Isso era demonstrado pelo fato dos envelopes Stefani, que se referiam a recuperação do objeto, tivessem partido do Escritório Telegráfico de Milão e não, por exemplo de Roma ou de outra sede jornalística periférica. A cidade de Vergiate encontra-se na província de Varese, sendo que próximo dali esta localizada Sesto Calende, perto do Rio Ticino, divisa com Novara. Em Sesto Calende e Vergiate, alem da vizinha Santa Anna, a Siai Marchetti tinha suas próprias instalações, onde eram construídos aviões militares. Nessa cidade estavam localizados os escritórios administrativos e em Vergiate as instalações propriamente ditas. Em Santa Anna havia terrenos que mais tarde hospedariam outras instalações. Também em Sesto Calende e em Vergiate estavam as casas de Italo Balbo e Filippo Eredia, seu braço direito, Balbo conforme soubemos por intermédio dos documentos arquivados era um dos comandantes do Gabinete RS-33 e estava em estreito contato com Guglielmo Marconi, como demonstra um artigo publicado nas páginas do Jornal La Será, do dia 15 de julho de 1933, sobre alguns telegramas amigáveis entre os dois personagens. A história oficial nos diz que Italo Balbo era habituado a ir até suas empresas aéreas partindo mesmo de Sesto Calende – ou melhor, pelo campo de vôo da adjacente Vergiate Eredia, responsável pelo escritório meteorológico do Estado, fornecia a Balbo as condições atmosféricas epara os vôos oceânicos. Após a guerra, esse personagem tornou-se curiosamente uma dos maiores infatigáveis céticos sobre o fenômeno UFO.
Ainda outras indicações levavam as atenções para a região de Varese. Em primeiro lugar, o fato é que, após a recuperação do disco , foi o próprio jornal da cidade, o Cronaca Prealpina, do dia 20 de junho daquele mesmo ano, a dar a noticia com ênfase na existência de formas de vida em Marte, em contato com homens da Terra. Em segundo lugar, o fato de que nos anos imediatamente posteriores ao período pós-guerra continuasse a circular na região o boato de que eram mantidos na cidade de Vergiate os discos voadores terrestres.
Investiguei pessoalmente o Caso de Tradate, Varese. Em 1950, o operário Bruno Facchini se deparou em um bosque com um disco voador pousado e com seus ocupantes. Como lembrança dessa experiência, Facchini levou sempre consigo sobre o abdômen os efeitos de uma descarga elétrica provocada por um fecho de luz disparado em sua direção pelos extraterrestres, empenhados em realizar sobre os disco um trabalho de soldagem. O que poucos sabem é que quando Facchini se deparou com o artefato, pensou logo se tratar de um protótipo mantido em Vergiate pelos Estados Unidos.
Mesmo os norte-americanos, durante a guerra, bombardearam por cerca de nove meses as instalações Marchetti, de Vergiate, na tentativa de destruir algo a todo custo. Pouparam apenas Sesto Calende, ainda que estivesse localizada próxima a uma estratégica ponte de ferro sobre o Rio Ticino. Talvez, por terem conhecimento do fato de que as referidas instalações repousassem preciosos documentos, os mesmos tivessem decidido manter intacta a cidade de Sesto. Terminada a Guerra nos anos 50, a Força Aérea dos Estados Unidos(USAF)apressou-se em colocar as mãos sobre os estabelecimentos de Vergiate, logo transformados em hangares para manutenção dos aviões norte-americanos.
Outros elementos ainda me forçaram a levar as investigações nessa direção.
Dano causado por raio – Esta dito que nos últimos tempos diversas teorias sobre os arquivos fascistas foram vinculadas em inúmeras publicações, falando em parte da queda, ainda que nos documentos comentasse de um pouso do disco voador em 1933. Aventava-se a hipótese de dano causado por um raio claramente inspirado nos fatos ocorridos em Roswell. Desde o inicio de minhas pesquisas, era suficiente controlar o boletim meteorológico do Observatório de Brera, em Milão, para excluir a priori a hipótese de que naquele dia o céu estava parcialmente encoberto, eventualmente chuvoso. Não havia sinais de temporais. Mas mesmo por esse motivo, saltava aos olhos, como uma mentira mal orquestrada, a noticia de que um misterioso bólido de luz precipitado naquela noite, sobre a pequena estrada que ligava Magenta e Novara, fosse apenas um simples e banal relâmpago. A única publicação que se arriscava a relatar a noticia com um certo atraso – era o jornal Domenica de Corriere, do dia 9 de Julho daquele ano. Referia-se superficialmente a cinco operários um dos quais feridos gravemente, vitimado por um relâmpago. Não podia ignorara a conexão com o documento RS-33, que impunha sempre uma explicação astronômica a esses fatos. Jamais escrevi antes dessa descoberta, porque eu precisava ter segurança disto[No fundo, nos dias imediatamente precedentes ou sucessivos ao pouso do UFO Hviam sido divulgadas diversas explicações muito convencionais sobre quedas de raios].
Somente há alguns meses pude finalmente ter provas definitivas que eu procurava. Um amigo militar forneceu um mapa da aeronáutica norte-americana que indicava o deslocamento tático dos principais aeroportos italianos nos anos 40. No norte da Itali, a maior concentração era mesmo em torno do território milanês. Era evidente que qualquer engenho que tivesse sido recuperado na região seria ocultado no hangar aeronáutico de confiança mais próximo. Vergiate estava ligada diretamente ao Gabinete RS-33 e não só isso. Graças a uma preciosa colaboração descobri que nos escritórios administrativos de Sesto Calende trabalhava um funcionário chamado Aldo Moretti.
Lembram-se do misterioso caso Morreti, do qual os documentos fascistas diziam que não se podia comentara não ser em particular, dada a delicadeza e a particularidade do ocorrido? Moretti era citado em duas cartas Stefani endereçada a um misterioso Alfredo – imagino que pudesse tratar-se de um dos jornalistas da Anno XIII.”Se me pede um conselho, ei-lo:não digo a ninguém, repito, a ninguém, e isso inclui ao parentes mais próximos, sobre que você viu” aconselhava a carta. Havia também outro Moretti entre os funcionários da Siai Marchetti. Seu nome foi indicado em um boletim satírico editado pela mesma companhia, chamado Zic, referido como “funcionário da D.O”, provavelmente da Direção Operativa. Mas que esse mesmo Moretti devia manter no mais absoluto sigilo? Havia incendiado o hangar que mantinha o disco voador, ou o que restava dele!
Nos arquivos republicanos, o solerte e fiel funcionário era dado como um perigoso guerrilheiro. Os papeis que se referiam a ele, eram, no entanto, muito vagos, quase como se preocupassem cancelar sua identidade para sempre da mesma forma que aconselhavam as cartas emitidas na Stefani. Lapidar era a citação nos documentos da Guarda Nacional Republicana de Sesto Calende, sobre alguns elementos que entraram na clandestinidade, como um certo Morretti e Tiferi, de Sesto Calende. A conversão de Moretti deve ter ocorrido após 1940. Até 06 de setembro daquele ano, Aldo Moretti era ainda um estimado dirigente do regime. Precia estar ligado ao fato de que no mesmo período do Gabinete RS-33 terminasse as investigações sobre UFOs e passasse toda a documentação aos nazistas. Três anos depois, Moretti decidiu-se rebelar-se. O incêndio dos galpões da Siai Marchetti, na cidade de Vergiate é datado como sendo de 17 de março de 1943, mas os danos causados pelo mesmo nós nunca saberemos.
Não é dito, também, na papelada deixada pelo Gabinete RS-3, quanta documentação e materiais fora deixada para as ávidas mãos dos nazistas após 1940.
Não podemos mais estabelecer-se em Vergiate, na época do incêndio, estivesse ainda um disco, ou simples fragmentos do UFO, ou menos do que isto, singelos papéis, fotografias secretas e esboços da aeronave. Provavelmente, esse material foi destruído para sempre, ainda que sempre exista uma esperança que possa haver cópias dos arquivos. Um de nossos colaboradores lembrou de uma mostra de desenhos do pós guerr, realizados antes de 1947, por doentes mentais da Itália. Entre tantos esboços bizarros, alguns deixavam claro tratar-se de discos voadores, desenhados por um “louco’ antes de começar a falar sobre UFOs. Seria o misterioso personagem criador dos desenhos, o mesmo citado nos papeis fascistas como o “caso análogo concluído com recuperação em manicômio?” Identificar a região de Sesto e Vergiate os locais do primeiro acobertamento ufológico da idade contemporânea nos força a refletir. Em primeiro lugar, Sesto Calende encontra-se na região de Ticino. Nossos leitores na Itália bem sabem que há tempos imemoriais o “triângulo” que vai de Ticino, na região de Pavia até Novara abrangendo a ponta de Varese, é compreendido como uma região de intensa atividade ufológica. O dossiê relativo a questão é muito volumoso. Seria apenas mais um caso ou os fatos estariam ligados aos eventos ocorridos em 13 de junho de 1933? Uma teoria análoga foi proposta também pelo Projeto Hessdalen, na Noruega, onde fluía intensa ação ufológica nos anos 80. Segundo os estudiosos do projeto, 85% dos UFOs eram luzes avistadas em céu escuro e o restante eram objetos aéreos vistos em céu aberto.
Aviões militares – Mesmo naquela ocasião as repetidas e continuadas aparições ufológicas foram explicadas por alguns como um incidente alienígena. Estamos nos campos da suposição. Sabemos, porém, que nos dias sucessivos a recuperação da vida dos funcionários das localidades envolvidas foi inesperadamente perturbada. Os dirigentes da empresa Macchi, de Varese, outra sociedade empenhada em construir aviões militares, juntamente com a Marchetti, foram substituídos pelo engenheiro Paolo Foresio, então fiel ao regime da época. Em Milão, o comandante da policia Pietro Bruno era removido e substituído pelo comandante de Trieste, Gaetano Laino. No dia 26 do mesmo mês, na presença do excelentíssimo prefeito, oficial Fornaciari, o secretário federal do fascismo, cônsul Erminio Brusa, que evidentemente sabia demais, era transferido e substituído pelo novo secretário federal Rimo Parenti. E não só. Provavelmente a milícia fascista havia rastreado toda a região incriminada “. De outra maneira não poderia ser explicada a inesperada mobilização dos “fidelíssimos” das cidades de Cuggiono, Como e Briansa. Procuravam algo? Ou escondiam algo?
Mesmo lá, a lavagem cerebral era continua, desde as páginas da revista Eva á catolicíssima Alba- que em 16 de julho de 1933 dedicava suas capas as asas italianas – e a revista Lei, que apresentou um trecho sobre as aviadoras. O regime temia a perda de autoridade tanto é que Mussolini em pessoa teve de rebater na primeira página do fidelíssimo quotidiano da época La Será, poucos dias após a aterrissagem, que o Estado Fascista não era somente um guardião noturno que se preocupava da segurança pessoal dos cidadãos”. Assim, logo naquelas primeiras horas da manhã a polícia secreta fascista havia trabalhada de guardiã noturna, não para a segurança dos cidadão, mas sim, pela salvaguarda de suas próprias instituições. Infelizmente fizeram seu trabalho bem feito. A caça aos documentos é uma tarefa desesperada. Em primeiro lugar, essa pesquisa é uma luta contra o tempo. As poucas testemunhas que se lembram de algo estão se calando lentamente [recentemente faleceu de câncer no pâncreas, o soldado italiano que colaborou com os serviços secretos ingleses no estudo das fotos dos Foo-Fighters]. Ainda mais dramática é a pesquisa dos memoriais dos membros do Gabinete RS-33. Não é sabido se Mussolini tenha alguma vez falado da comissão ufológica aos seus mais estreitos colaboradores ou as pessoas que estiveram ao seu lado nos seus últimos instantes de vida. Durante 60 anos foi pároco de Madalena cidade de Cagliari, responsável por recolher as últimas confissões de Duce e do qual teria recebido em custódia misteriosos diários de cuja existência continuou negando.
Segredo de Mussolini - Faleceu na cidade de Bréscia, em 1996, o ultimo partigiano[nome dado ao seguidor de um partido ou partidário, ou mais especificamente, um guerrilheiro que opera dentro das linhas inimigas] que poderia saber alguma coisa, o professor Aldo Gambá, da cidade de Gargnano que após a libertação foi responsável pela policia militar no norte da Itália. Os jornalistas chegaram a Gargnano, vindos de todo o mundo para entrevista-lo sobre as caixas pretas de Mussolini procurou manter a salvo antes de seu fuzilamento. E Gamba respondia: “Não direi nada a ninguém sobre o conteúdo e finalidade daquelas caixas” No entanto quando estava com seus amigos, tocava frequentemente no assunto. Em 29 de abril de 1945 dizia, na qualidade de chefe de policia militar, que fez”com que uma das caixa, contendo o arquivo secreto de Mussolini, fosse seqüestrada e consignada regularmente as autoridades do nascente Estado Republicano”. Talvez graças a isso foi possível descobrir que a Republica Social Italiana possuía um certo Gabinete RS. Existiam ainda outras quatro caixas contendo as escrituras da secretária de Mussolini – confessava Gambá-, duas foram afundadas no lago da Garda. Pra obter uma segura e imediata imersão, foram amarradas a grandes e pesadas pedras. As outras duas, em 18 de abril, em Garganamoforam carregadas sobre um pequeno caminhão com outro material da secretária. No mesmo dia durante a tarde, Mussolini também deixou a cidade de Gargnamo.
Serviço secreto- As duas caixas foram abandonadas na prefeitura de Milão, onde se desenrolou o ultimo e breve Conselho dos Ministros. Em 29 de abril de, consegui com que uma dessas caixas fosse recuperada. A segunda havia desaparecido. Um lapso. Para o historiador Frederico Pelizzari é necessário levar em consideração que na tarde em 26 de abril o Comitê de Libertação Nacional havia ocupado a prefeitura milanesa, onde no dia 27 havia se instalado Riccardo Lombardi, prefeito da libertação. Com ele, chegaram os patriotas improvisados e guardas de finanças que teriam encontrado as ccaixas já abertas. Os atuais envelopes do Gabinete RS-33 terminaram nas mãos de um partigiano? “Abandonados no local, foram encontrados documentos de Mussolini dos anos 1921,1925,1927,1936, e 1940. Da outra caixa no entanto nem sombra. Aldo Gamba supunha que o material tivesse terminado nas mãos dos serviços secretos norte-americanos ou soviéticos”, afirma Pleizzari.