5 de nov. de 2010

Livro - "Eram os Deuses Astronautas?" Apresentação 2 - Prof. Flávio A. Pereira

APRESENTAÇÃO 2
(PROFESSOR FLÁVIO A. PEREIRA)

ESTE LIVRO, para ser escrito - informa Erich von Däniken, na Introdução - precisou mobilizar uma grande coragem, "igualmente indispensável a qualquer um que viesse a lê-lo".
E que dizer de quem se dispusesse a prefaciá lo?...
Däniken, ao longo dos seus doze capítulos, propõe nos cerca de 323 interrogações. É o quanto basta para situar a obra no rol dos livros polêmicas.
  Acontece, porém, que os tempos são de revisão e contestação, de A até Z. O momento cultural é de franca e progressiva efervescência em todos os setores de todas as ciências, da matéria e do espírito, do corpo e da sociedade, da história e do instinto. Em particular, estes são anos de profundas modificações das antigas interpretações da Pré-História e Arqueologia, História Sagrada e Exegese Bíblica.
Pois surgiu, nos horizontes da contemporaneidade, uma nova espécie de Gnose, que vai crescendo com o estudo do realismo fantástico, do "impossível", do "absurdo", do "anômalo", do "incongruente".
(Mas quem não sabe que a Ciência oficial, vez por outra, tem criado obstáculos ao progresso científico? Quem não aprendeu que Galileu foi condenado? Édison apedrejado? Ford combatido? Santos Dumont menosprezado? Von Braun excomungado? Mendei marginalizado?... O Congresso da Sociedade para O Progresso da Ciência não chegou a declarar, em 1897, que o bisão desenhado na caverna de Mouthe, descrito pelo ilustre Emile Riviére, havia sido desenhado fraudulentamente pelo rapazelho dordonhês que descobriu a gruta?...)
Os nossos são dias, na verdade, de maravilhosos prazeres intelectuais. A presença de homens na Lua homens de carne, osso e sexo, e não apenas de míticos personagens ou de literárias criaturas teve o condão de transformar a cultura, transtornando os próprios cientistas!
A Astronáutica veio constituir um como que hormônio de poderoso efeito convertendo, a cultura pré Cosmonáutica numa sadia atitude de enfrentar, denodadamente todo e qualquer problema - a começar pelo da reação dos meios ortodoxos.
Não leia, o leitor, este livro, como se fora mais uma ficção científica. Não confunda as categorias em que se dividem os livros que, de uma forma ou outra, se relacionam com os campos científicos. Há três grandes espécies de livros ligados a esta esfera: livro de Ciência (ciência consagrada, ciência feita, ciência ortodoxa, ciência adotada), livros de ficção científica (exploração sistemática do possível, invenção livre circunscrita aos cânones não da Fabulística, mas da Futurologia) e livros de especulação científica (estudos e indagações teóricas em torno do discutível ou inexplicado no âmbito da ciência oficialmente instituída como tal).
A especulação científica não é contrária à Ciência; muito menos pretende tomar lhe o lugar. Mas também não se submete servil mente a postulados "consagrados"; isto seria frontalmente contrário à natureza da atitude especulativa, além de que a Ciência, por mais ortodoxa que seja, vez por outra é forçada a substituir seus próprios conceitos, até então considerados inabaláveis e definitivos.
O livro de Däniken pertence à categoria das obras especulativas. Ainda não é, nem pretende ser "ciência". Mas é visando ao progresso da Ciência que se atira com entusiasmo às mais arrojadas especulações.
Para edificação dos leitores apontarei, a seguir, alguns fatos autênticos que convém conhecer a fim de que Däniken não seja injustiçado...
1. Em 1964, o Doutor J. Mellaart, que dirige o Instituto Arqueológico de Ankara, descobre em Chatal Huyuk, na Anatólia, vestígios de cidades que vieram revelar uma civilização de 7 a 8.000 anos antes de Cristo. (Todos sabemos: a época em que se originou a civilização jamais cessou de ser datada cada vez mais para trás, á medida que a Arqueologia ia progredindo. Se Champollion situara essa data no marco inicial do Egito Faraônico - há 5 ou 6.000 anos - com a descoberta (105 sumérios a História Humana veio recuar de mil anos. Em 1954, estávamos na conta dos 7.000 anos. Desde então, as descobertas se foram sucedendo, e o grande recuo cronológico continua!)
2. Por outro lado, de acordo com o Doutor Alexandre Marshack, de Nova York, os homens das cavernas já anotavam suas observações astronômicas há... 35.000 anos! Numerosos vestígios - escreve o grande pré historiador - considerados como manifestações artísticas do Paleolítico Superior e do Mesolítico, "são, na verdade, registros astronômicos"! (Querem subversão maior do que essa?) Motivos pictóricos descobertos em restos pertencentes às culturas magdaleniana e aurignaciana, interpretados até 1965 como tendo significação religiosa ou mágica, são, contudo, consignações de observações científicas (!) da esfera celeste. "O conhecimento da esfera celeste, pelas grandes civilizações do passado, constitui um dos principais enigmas da Arqueologia contemporânea", pontifica o Dr. Marshack.
3. E por falar em cavernas, convém trazer a lume o Professor Leroi Gourban, cuja opulenta e erudita "Préhistoire de l'art occidental", publicada em 1965, com suas 739 fotografias deslumbrantes, veio provocar outra revolução na Pré-História, pois demonstrou que os desenhos e pinturas das cavernas não estão ligados apenas à magia da caça: "são símbolos masculinos e femininos complexíssimos". A Humanidade Pré- Histórica possuía a sua própria Simbologia Cósmica. A Caverna se organizava em função de uma Metafísica ainda d e s c o n h e c i d a
4. No mesmo e fatídico ano de 1965, outro erudito, Doutor Geraid Hawkins, professor de Astronomia na Universidade de Boston, edita o decisivo livro "Stonehenge decoded" em que revela a mais estarrecedora das conclusões. Graças a um computador eletrônico, descobrira Hawkins que o famoso monumento megalítico de Stonehenge, de idade estimada em 4.000 anos, tinha sido um autêntico e versátil observatório astronômico, construído (por quem? com que instrumentos?) entre os anos de 1850 e 1700 antes de Cristo. "A pré-história oficial ou acadêmica ensina que as Ilhas Britânicas, naquele tempo, tinham sido habitadas por povos subdesenvolvidos em comparação com as adiantadas civilizações mediterrâneas contemporâneas." Conflito nevrálgico na Ciência Histórica! Stonehenge é uma pedra gigantesca não apenas na paisagem britânica, como, e sobretudo, no sapato dos pré historiadores ortodoxos...
5. No ano seguinte 1966 o Doutor Charles H. Hapgood, professor da Universidade Estadual de Keene, E.U.A., publica outra revolucionária brochura: "Maps of the Ancient Sea Kings: Evidence of Advanced Civilization in Ice Age!". Relata a importantérrima descoberta das primeiras provas testemunhais da existência de uma civilização anterior a todas as conhecidas até agora. O livro de Hapgood veio coroar sete anos de pacientes pesquisas e de contínua permuta de informações com sumidades na matéria e especialistas em outros ramos das ciências. E eis o que pode ser do maior interesse para o leitor: as contundentes pesquisas de Hapgood haviam sido estimuladas pelas surpreendentes teses de Arlington Mallery a respeito do misterioso Mapa de Piri Reis (de que Erich von Däniken trata no Capítulo III do presente livro). "Há dez mil anos, pelo menos, floresceu uma adiantadíssima civilização, anterior à última glaciação, sendo plausível admitir que seu foco de irradiação tivesse se localizado, nada mais nada menos, do que no continente antártico!" (Se algum
pais criasse uma NASA para conquistar a Antártica a despeito do Tratado Internacional restritivo e viesse a empreender ali um ativo programa de pesquisa arqueológica, na década de 70 viriam à luz fatos mais estarrecedores do que poderia ser, por exemplo, a descoberta, digamos, de uma ferramenta na Cratera de Fra-Mauro, pelos tripulantes da Apolo 13... Entenderam a comparação?)
6. Mas temos mais. Em 1968, o escritor russo Mexandre Gorbovsky, em livro de apaixonante conteúdo, propôs arrojadissima tese histórica: "As grandes civilizações básicas, tanto do Velho Mundo quanto da América, desenvolveram se a partir de um patrimônio comum, vestígio das primeiras civilizações universais brutalmente desaparecidas". Gorbovsky menciona algumas peças do imenso quebra cabeça:
- na língua falada pelas castas inferiores do povo inca havia pelo menos mil raízes sânscrítas;
- a julgar pela análise serológica de fragmentos musculares de múmias incas, esse povo pertencia ao grupo sangüíneo "A", absolutamente desconhecido na América até a chegada dos espanhóis, no século XVI;
- os chineses, há mais de mil e seiscentos anos, conheciam e aplicavam o fenômeno da eletrólise;
- textos da Índia, de 3.000 anos de idade, falam numa espantosa arma cuja descrição evoca, a nós, a bomba atômica;
- e, para completar, os russos descobriram na mesma Índia um esqueleto humano de 4.000 anos, portador de radioatividade superior em 50 vezes o ambiente, tudo indicando que o indivíduo havia consumido alimentos contaminados com radioatividade 100 vezes maior que a média ordinária! (Explosões nucleares na Antigüidade? Aqui a nova Gnose resolutamente invade o campo da Física Nuclear e da Tecnologia do Átomo, da Ciência ortodoxa de nossos dias).
É construtivo destacar quem prefaciou o livro de Gorbovsky: o Professor J. B. Fedorov, da Academia Soviética. Mais ainda, é instrutivo reter O que escreve Fedorov ali: "Os poetas e os cépticos são igualmente indispensáveis à Ciência. Quanto ao cientista, tem ele o direito de construir hipóteses audaciosas e de correr riscos".
Erich von Däniken, pois, não está sozinho. Não importa que não seja um clássico erudito, um arqueólogo de profissão ou um sábio exegeta bíblico. Estamos diante de um jornalista. Só? Não. De um jornalista honesto, bem informado e, sobretudo, muito inteligente. (Audacioso seria redundante falar.)
Como presidente da Associação Brasileira de Estudo das Civilizações Extraterrestres (ABECE), dou meu aval a Erich von Däniken. Muitos, certamente, dele discordarão. Mas este é um livro para gente que deseja se preparar para a Grande Revelação do decênio 70!
São Paulo, novembro de 1969
PROFESSOR FLÁVIO A. PEREIRA